Notícias
Home > Notícias
A cadeia da reciclagem é muito complexa e passa por diversos atores. Incentivar todas as etapas é garantir que esse ciclo se consolide, cresça e conquiste números cada vez melhores. No Rio Grande do Norte, por exemplo, a parceria entre a indústria local e o poder público fez com que, nos últimos dez anos, a indústria de reciclagem e de descartáveis crescesse mais de 300% de acordo com divulgação do SindRecicla-RN (Sindicato das Indústrias de Reciclagem e Descartáveis do Estado do Rio Grande do Norte).
Esse fortalecimento não somente melhora os índices de reciclagem – atualmente o estado recupera 18% de seus resíduos, sendo que a meta é aumentar esse percentual para 43% nos próximos quatro anos – como impacta positivamente a economia, a sociedade, o meio ambiente e a saúde pública.
No início de dezembro, durante o 1º Fórum de Reciclagem do RN, Etelvino Patrício de Medeiros, presidente do SindRecicla-RN, disse que a intenção é transformar o Rio Grande do Norte em um exemplo capaz de estimular iniciativas e práticas em outras regiões. O executivo afirmou, também, que a indústria da reciclagem ampliou em 305% a oferta de empregos diretos e indiretos no estado.
Outro ponto relevante é que quanto mais indústrias houverem distribuídas pelo estado, mais fácil e menos dispendiosa será a logística para o encaminhamento dos materiais recicláveis. É o que destaca César Faccio, secretário-executivo da Coalizão Embalagens. “O processo fica mais barato, pois o percurso a ser percorrido entre a triagem e a recicladora é menor. Muitas vezes, a reciclagem acaba inviabilizada, pois fica muito caro transportar os materiais recicláveis por longas distâncias”, disse.
Para termos um exemplo, podemos analisar o cenário da reciclagem do plástico. De acordo com relatório do PICPlast (Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico), a região Sul é a que tem o maior índice de reciclagem de plástico pós-consumo no país, chegando a 41%. Paralelamente, a região nordeste – da qual o Rio Grande do Norte faz parte – atinge a marca de 15,1%, inferior à média nacional que é de 23,4%.
O fórum contou com a presença da governadora Fátima Bezerra. De acordo com matéria da Tribuna do Norte, Fátima afirmou que com esse desenvolvimento obtido no RN, fica claro que o Estado tem que contribuir por meio de parcerias transparentes e responsáveis. Apesar de não ter sido citada pela chefe do executivo na ocasião, uma das ações que trabalharia pelo fomento da indústria da reciclagem no país é a desoneração, tema que vem sendo discutido há anos pelo legislativo nacional.
Ao longo do tempo, algumas ações foram implementadas para melhorar o cenário. Em meados de 2021, por exemplo, uma distorção tributária – que tornava mais barata a aquisição de matéria-prima virgem do que a oriunda da reciclagem – foi corrigida pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Na ocasião, havia possibilidade de créditos tributários na aquisição de matérias-primas da indústria extrativista, mas não havia esse mesmo benefício para a aquisição da matéria-prima reciclada.
O setor ainda carece de novas políticas que promovam tanto a indústria da reciclagem em si quanto a aquisição das matérias-primas por ela produzidas e de novos produtos feitos com base em materiais reciclados.