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O tema é mundial, urgente e todos os países – alguns de forma mais incipiente, outros de maneira mais intensificada – estão encarando a necessidade de transição para uma economia circular. Considerando que aprender com a experiência alheia é caminho profícuo para a eficiência, avaliar como países que estão alguns passos à frente do Brasil vêm agindo diante dessa questão promove conhecimento válido para ser aplicado internamente.
Desde 2008, Brasil e Holanda mantém um valioso intercâmbio acadêmico sobre economia circular e, como resultado de diversas ações em conjunto, foi publicado – em 2017 – o livro “Economia Circular | Holanda e Brasil | Da teoria à prática”, que traz em detalhes o projeto apresentado pelo governo holandês para essa transição e apontamentos sobre a conversão dentro do território brasileiro.
Mas foquemos nas estratégias que estão sendo adotadas pela Holanda para que eles consigam atingir uma meta ambiciosa traçada pelas lideranças governamentais: uma Holanda Circular até 2050.
Por lá, o cenário tem alguns pontos mais propícios à mudança. A publicação, que tem assinatura da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), afirma que a Holanda tem um dos índices mais altos de coleta de resíduos no mundo, atingindo até 80% de reciclagem. Além disso, diz que há forte investimento em fontes renováveis; programas de devolução de produtos usados e crescimento da economia de compartilhamento. Porém há, também, alguns entraves como, por exemplo, a grande dependência de matérias-primas vindas do exterior: os holandeses importam cerca de 68% de toda a matéria-prima que necessitam. Mas os governantes encontraram, também na economia circular, a solução para esse problema.
Diante de todo esse panorama, o programa “Holanda Circular até 2050” visa garantir que, nos próximos 30 anos, o país consiga utilizar e reutilizar suas matérias-primas de forma eficiente, preservando o meio ambiente; buscar fontes renováveis para novas matérias-primas quando necessário for; e cuidar da saúde populacional ao evitar a degradação da natureza. Dentro desse conceito, produtos e materiais são projetados para um uso prolongado, com a menor perda possível dentro de seu ciclo de vida.
Importante frisar que não são listados apenas benefícios de cunho ambiental. Segundo o livro, estudo da Fundação Ellen MacArthur estima que a economia circular pode levar a União Europeia a um crescimento econômico de 550 bilhões de euros, isso sem falar na criação de empregos: mais de 2 milhões de novos postos de trabalho. Na Holanda, especificamente, a economia circular pode fazer o país saltar de um PIB de 1,5 bilhão de euros para 8,4 bilhões de euros. Mas a publicação não omite um certo ônus: alguns setores ligados às matérias-primas primárias devem entrar em declínio.
Para essa transição – de um sistema linear para um circular –, foram estipuladas algumas metas principais: uso otimizado das matérias-primas na cadeia de produção; preferência às matérias-primas sustentáveis, renováveis e amplamente disponíveis; desenvolvimento de métodos de produção e design de produtos inovadores e promoção de novas formas de consumo. Mas a transição enfrenta barreiras e, para vencê-las, cinco intervenções foram listadas pelo governo envolvendo mudanças na legislação e na regulação, incentivos à mercados inteligentes, financiamento, investimento em conhecimento e inovação, e colaboração internacional.
De forma organizada, o governo trabalhou em um acordo nacional sobre matérias-primas envolvendo todos os atores da cadeia, públicos e privados, definindo o papel e a reponsabilidade de cada um para que, juntos, pudessem alcançar a ambiciosa meta de uma economia totalmente circular até 2050.
Fonte: Economia Circular | Holanda e Brasil | Da teoria à prática