Notícias
Home > Notícias
Hoje temos, no Brasil, cerca de 2.500 cooperativas de reciclagem formalizadas e em funcionamento. Essas instituições são as grandes responsáveis por receber a fração seca dos resíduos sólidos urbanos gerados pela população, fazer a triagem e enviá-la para destinação ambientalmente adequada, gerando oportunidades de trabalho, renda e benefícios ambientais relacionados ao reuso e à reciclagem de materiais.
Porém, ainda é preciso muito investimento em algumas dessas cooperativas para que o trabalho possa ser efetuado de forma segura para os trabalhadores e eficiente para o sistema. Além disso, é preciso eliminar uma falha de percepção quando falamos em formatos de apoio à essas associações.
Em se tratando de um sistema complexo, apoios pontuais e isolados nem sempre trazem reais benefícios. É o que explica Rafael Henrique Rodrigues, diretor-presidente e responsável pelas operações da Recicleiros, organização que atua para redução drástica dos resíduos enviados para aterros e lixões, a inclusão socioprodutiva qualificada e o desenvolvimento da cultura ambiental. “Não podemos chegar em uma cooperativa, fazer uma análise superficial e simplesmente decidir pela doação de um equipamento ou viabilização de uma capacitação sem analisar todo o contexto”, comenta.
O diretor cita, ainda, que em um passado recente, “não era incomum ver prensas que custam R$ 50 mil encostadas nos galpões porque não foi prevista a adequação da rede elétrica do local ou mesmo caminhões parados porque o veículo foi entregue sem avaliar a viabilidade econômica de sua operação”. Rodrigues também relata que já chegou a observar a doação de esteiras maiores do que os próprios galpões onde deveriam ser instaladas e que, portanto, não puderam ser utilizadas.
É nesse contexto de prover um suporte holístico à cadeia completa que a Coalizão Embalagens vem atuando. Para tal, investe em diagnósticos, adequação e ampliação da capacidade produtiva das organizações de catadores, viabilizando ações tanto para aquisição de máquinas e equipamentos como também para a capacitação desses trabalhadores; e aposta em campanhas de conscientização para que esses resíduos recicláveis possam chegar às cooperativas em maior quantidade e nas melhores condições de aproveitamento.
Na visão da Coalizão – que concorda com o apontamento feito por Rodrigues – é preciso ter a percepção do todo. Por isso que, em sua atuação junto às cooperativas, seus membros vêm operacionalizando seus programas com quadros técnicos cada vez mais especializados e em parceria com organizações experientes para que os recursos aportados tenham cada vez mais eficiência.
Somente depois de diagnósticos profundos e projetos bem elaborados é que são investidos esforços na adequação dos galpões e são feitas novas instalações de equipamentos, sistema de iluminação, caçambas, carrinhos, empilhadeiras e até mesmo mudanças para melhorias rotineiras aos próprios catadores, como instalação de sanitários, cozinha, grades de proteção e eletrodomésticos.
Paralelamente, há um cuidado para capacitar os profissionais dentro do contexto de trabalho. “Não podemos apenas cuidar da infraestrutura se não nos empenharmos em ensiná-los a melhor utilizar o espaço”, comenta César Faccio, secretário-executivo da Coalizão.
Isso significa que, além de investir na melhoria do ambiente de trabalho, a Coalizão trata das pessoas envolvidas naquele negócio, provendo treinamentos e capacitações diversas para operação do galpão e até mesmo formando os profissionais para melhor negociação e processo de venda dos materiais. Há, inclusive, capacitação para que eles busquem linhas de crédito, novos financiamentos e, assim, tenham conhecimento para melhorar o trabalho de todo o grupo. Somente entre 2018 e 2019, a Coalizão Embalagens apoiou 502 cooperativas e associações em centenas de municípios brasileiros.